
A prefeita de Pedra Preta (243,7 km de Cuiabá), Iraci Ferreira (PSDB), anunciou que seu comitê jurídico já acionou o vereador Gilson José de Souza (União), o Gilson da Agricultura, na Justiça e quer a cassação do mandato do parlamentar, após o mesmo chamá-la de ‘Cachorra viciada’, durante uma sessão ordinária nesta semana acusando a administração de destinar R$ 500 mil para festas enquanto moradores da zona rural enfrentam problemas de abastecimento de água.
De acordo com a gestora, as falas proferidas pelo vereador causam revoltas e indignação coletiva diante da ofensa de ser chamada de "cachorra viciada”. Sem papas na língua, a prefeita descreve o vereador como um "analfabeto político" que por inexperiência política tentou atacá-la. A gestora anuncia que o escritório de advocacia que lhe atende encaminhará uma peça no Judiciário exigindo retaliações contra o vereador, incluindo a perda de mandato.
“Um parlamentar que é um analfabeto político, não sabe como respeitar uma mulher e muito menos a população. Acha que porque é vereador de primeiro mandato pode chegar e falar o que quer. Nosso escritório, equipe jurídica já está acionando o vereador na Justiça. Nós vamos ao extremo, pedimos inclusive a cassação dele, e esperemos que o presidente da Câmara tome decisões cabíveis, respeitando a responsabilidade entre os poderes”, disse a prefeita.
Iraci avalia que o ataque de Gilson vai além da animosidade entre os Poderes, surgindo como uma traição política, já que o vereador, enquanto candidato, tinha seu apoio e chegou inclusive a fazer parte do secretariado da prefeita, no primeiro mandato.
“O que me deixa triste é que esse parlamentar foi apoiado por nós, ganhou eleições através do nosso trabalho, porque ele era coordenador da secretaria de agricultura. Não é do meu princípio falar de pessoas, mas é necessário, como mulher e prefeita. Esse tipo de pessoa mancha nosso município, precisamos chamar atenção das autoridades. Precisamos tomar decisões e peço à Câmara de Vereadores. Se não respeita no mês da mulher, quando vai respeitar?”, disparou.
Iraci revela que o vereador e outros parlamentares têm feito ataques porque o Executivo não atende a todas as suas demandas. Ela enfatiza que a prefeitura e a Câmara são poderes separados e que não é possível atender a todos os pedidos. Ainda assim, entende que conflitos de pensamentos são comuns, mas no caso do vereador em específico vai além da questão política pessoal e se torna um discurso sobre o machismo e a violência de gênero.
“Ataques dentro da câmara, não vem só dele, tem outros dois vereadores, que ainda dá para relevar. Mas, nunca havia chego esse extremo. Eles querem que a prefeitura faca o que eles querem, dar apoio, mas é impossível. A casa legislativa é uma, e o Executivo é outra. É impossível atender as demandas. Mulheres saiam do comodismo, vamos nos fortalecer, vamos ao enfrentamento na política. Precisamos acordar e fazer a diferença. Isso me fortalecerá”, concluiu.
Como mostrou o , na última terça-feira (26), o vereador Gilson da Agricultura, se referiu à prefeita como “cachorra viciada em pedir voto” durante uma audiência.