
Nos cinco primeiros meses de 2025, o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), apreendeu 9,5 toneladas de drogas na região fronteiriça do estado. O dado foi divulgado pelo comandante do Gefron, tenente-coronel PM Manoel Bugalho Neto, durante entrevista ao vivo no programa SBT Comunidade, apresentado pelo jornalista Leandro Trindade.
Segundo o comandante, o volume de apreensões neste início de ano segue uma tendência de crescimento. Ele citou que, em 2024, o Gefron registrou apreensão recorde de 18,9 toneladas de entorpecentes. Bugalho afirmou que o trabalho atual está inserido na operação Tolerância Zero, realizada pelo Governo do Estado, e conta com a atuação integrada de diferentes forças de segurança pública.
O comandante explicou que o tráfico de drogas opera com base em uma lógica logística, na qual há áreas produtoras e áreas consumidoras. O objetivo dos grupos criminosos, segundo ele, é fazer com que a droga percorra esse caminho utilizando diversos meios de transporte, como veículos, embarcações, aeronaves ou até mesmo a pé, com o uso de pessoas conhecidas como “mulas”.
“Para cada atividade dessas nós desenvolvemos uma técnica com uma equipe especializada, que são somatórios de esforços de técnicas específicas e equipes especializadas no enfrentamento”, frisou Bugalho. Ele ressaltou que o trabalho do Gefron é realizado em parceria com diversas instituições e que a maioria das ações é fruto de operações conjuntas.
Inteligência
Ele também citou o papel das atividades de inteligência no planejamento das operações, especialmente quando se trata de rotas alternativas utilizadas pelos traficantes para evitar fiscalização.
O comandante também destacou o desafio representado pelo tráfico realizado a pé, por meio de trilhas em áreas de mata ou campo, longe das estradas. Para esse tipo de enfrentamento, há equipes treinadas para rastreamento em vegetação densa. Segundo ele, os policiais do Gefron recebem formação específica e, inclusive, repassam parte desse conhecimento para integrantes de outras forças de segurança de diferentes estados brasileiros, por meio de cursos e atividades de integração.
Bugalho também reforçou que a participação da população é fundamental. “Estamos há 23 anos sendo os olhos da fronteira, e a gente fala que o cidadão é o olho do Gefron. O cidadão que está na sua comunidade vendo aquilo que acontece e vê algo estranho na movimentação passa essa informação para nós, e nós passamos para nossa área de inteligência e determina se é uma operação viável ou se vamos trabalhar novos elementos junto com outras forças. O resultado é essa integração que a gente consegue trazer essa produtividade para outro patamar”, destacou.
Rotas do tráfico
Durante a entrevista, ele informou que as principais rotas do tráfico de cocaína têm origem nos países produtores — Bolívia, Peru e Colômbia. A Bolívia, além de produtora, também funciona como corredor logístico. Por estar nessa rota, o Mato Grosso acaba sendo utilizado como ponto de passagem. O comandante explicou que a atuação do Gefron tem o objetivo de pressionar os criminosos a desviar essas rotas.
“Hoje a gente tem capilaridade através do conhecimento que compartilhamos nós criamos relacionamento, e isso faz uma integração de qualidade, que traz resultados positivos para nós e toda a sociedade”, frisou.
Bugalho também comentou que o trabalho contra o tráfico aéreo é realizado com apoio da Força Aérea Brasileira e da Polícia Federal. Existem equipes especializadas no acompanhamento dessas operações, com foco na interceptação de aeronaves utilizadas pelos traficantes.